Esqueça o mérito do processo e foque na procrastinação dos deveres e na terceirização na defesa dos objetivos que originaram o recente levante da direita no Brasil. A cassação da deputada Carla Zambelli é o mais nítido reflexo dos efeitos da idolatria cega, da inércia da direita e da terceirização das próprias obrigações da classe política "conservadora".
No final das eleições de 2022, não só a deputada, mas todos os congressistas de direita ou simpáticos à causa, acordaram com a certeza de que seriam perseguidos, calados, cassados e presos. Um destino inevitável, que, infelizmente, foi selado pela omissão e pelo medo de confrontar o sistema.
Carla Zambelli é tão culpada quanto sua própria classe, quando deram trégua ao sistema por medo de perderem as redes sociais no início de 2023. Esse é o reflexo da covardia, do individualismo e da procrastinação dos deveres. Não faltaram oportunidades para mudar o rumo desse destino. Desde a tornozeleira e a prisão dos deputados Daniel Silveira, Capitão Assumção e Zé Trovão, que foi diplomado com tornozeleira na canela, até o teatro das eleições de 2022 e o enredo da invasão do dia 8 de janeiro. A morte do Clezão, a cassação do mandato de Dallagnol, a taxação das blusinhas, a aprovação da reforma tributária e os 39 dias de censura do "X" de Elon Musk… São exemplos claros do quanto a direita teve chances de agir, mas preferiu se omitir ou delegar responsabilidades.
A verdade é que fomos convocados para protestar apenas quando prenderam o passaporte do Bolsonaro, e nos 7 de setembro seguintes, nas eleições municipais, o "protesto soft" não foi mais do que um teatro. Não podíamos nem mesmo levar cartazes contra autoridades, enquanto éramos instruídos a silenciar o outro carro de som, que estava dizendo o que de fato precisava ser dito. O discurso de Nikolas e Gustavo Gayer foi o único a salvar a situação, enquanto o resto foi apenas mais uma perda de tempo.
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