sexta-feira, 27 de junho de 2025

Teoria dos Vetores Inconscientes da Manipulação Estratégica: uma leitura psicanalítica e político-comportamental

 

O Arquiteto Inocente: A gênese emocional da manipulação espontânea


Autor: Daniel Fernando de Souza Camilo Curso: Ciências Políticas (5º semestre) –

Faculdade Estácio, Polo Liberdade – São Paulo/SP Curso: Direito (5º semestre) –

Faculdade Nove de Julho, Polo Santo Amaro – São Paulo/SP Data: 23 de junho de 2025


Resumo


Este artigo propõe a Teoria dos Vetores Inconscientes da Manipulação Estratégica, com

base em referências da psicanálise, filosofia e ciência política. A teoria analisa como

agentes sociais – especialmente figuras públicas – são guiados por forças internas

inconscientes que moldam comportamentos manipulativos. Seu arquétipo principal é "o

Arquiteto": um indivíduo que manipula não apenas de forma estratégica, mas também de

forma visceral, sem plena consciência de suas motivações, mascarando-se sob uma

imagem de espontaneidade e sinceridade.


Palavras-chave: inconsciente, manipulação, arquétipo, comportamento político,

psicanálise, arquiteto.


1. Introdução


Este trabalho teve início no contexto emocional e polarizado do segundo turno das

eleições de 2022, durante as quais o autor foi candidato a deputado federal pelo partido

Republicanos. Ao observar figuras públicas que se destacavam não pela racionalidade

estratégica, mas pelo carisma disfuncional e improvisado, emergiu a hipótese de que

certos comportamentos manipulativos não são plenamente conscientes, mas sim moldados

por vetores inconscientes — desejos, inseguranças e padrões psicológicos que operam

silenciosamente na formação de discursos e atitudes.


2. Fundamentação Teórica


2.1. O inconsciente segundo Freud e Jung


Sigmund Freud descreveu o inconsciente como um domínio oculto de traumas, desejos e

impulsos reprimidos que influenciam o comportamento humano. Para Freud, a racionalidade

é frequentemente sabotada por mecanismos de defesa, como a projeção e a

racionalização, que atuam fora do controle consciente.


Carl Jung expandiu esse conceito ao introduzir o inconsciente coletivo, onde arquétipos

universais moldam atitudes humanas e se expressam por meio de símbolos e narrativas. O

Arquiteto da manipulação inconsciente seria um exemplo de arquétipo junguiano com forte

atuação na esfera política.


2.2. O vazio existencial e a busca por centralidade


Viktor Frankl, psiquiatra austríaco, apontou que quando o ser humano não encontra sentido

existencial, ele tende a buscar compensações simbólicas — poder, bajulação, influência. O

comportamento do Arquiteto pode ser compreendido como uma tentativa inconsciente de

preencher lacunas emocionais com adoração pública, mesmo que de forma

desorganizada.


3. O Arquiteto e a engenharia disfuncional do afeto


O Arquiteto é um sujeito carente que não manipula por cálculo, mas por impulso emocional.

Seu objetivo é se tornar o centro das atenções, o escolhido, o mártir admirado. Sua

“estratégia” é parecer simples, honesto, espontâneo. No entanto, por trás da imagem do

homem sincero, esconde-se um manipulador visceral que mobiliza emoções coletivas de

forma inconsequente.


Esse comportamento se diferencia do maquiavelismo clássico: enquanto o estrategista

racional estrutura o jogo, o Arquiteto é um improvisador carismático, incapaz de reconhecer

seus próprios vetores internos.


4. Implicações sociopolíticas da TVIME


A teoria aqui apresentada abre caminho para uma crítica mais profunda da política

emocional contemporânea. Líderes movidos por vetores inconscientes não apenas

manipulam o povo — eles próprios são manipulados por suas carências. Isso os torna

mais perigosos, pois são percebidos como autênticos, mesmo quando perpetuam

desinformação, vitimismo e chantagem emocional. Compreender esses vetores permite desarmar a falsa espontaneidade e exigir a lucidez estrutural de quem ocupa posições de influência.


5. Conclusão


A Teoria dos Vetores Inconscientes da Manipulação Estratégica convida o campo da ciência

política e das ciências humanas a ir além da superfície. Propõe-se que, por trás de

discursos populistas e lideranças “autênticas”, há um teatro psíquico profundo, onde

impulsos inconscientes moldam decisões e estratégias com consequências sociais amplas.

Resta à sociedade escolher: vamos continuar aplaudindo arquitetos emocionais mal

resolvidos ou buscar líderes conscientes de suas estruturas internas?


Referências


● FREUD, S. O Ego e o Id. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

● JUNG, C. G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Petrópolis: Vozes, 2000.

● FRANKL, V. E. Em busca de sentido. São Paulo: Vozes, 2006.

● ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

● FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.


Nenhum comentário:

Postar um comentário