O Arquiteto Inocente: A gênese emocional da manipulação espontânea
Autor: Daniel Fernando de Souza Camilo Curso: Ciências Políticas (5º semestre) –
Faculdade Estácio, Polo Liberdade – São Paulo/SP Curso: Direito (5º semestre) –
Faculdade Nove de Julho, Polo Santo Amaro – São Paulo/SP Data: 23 de junho de 2025
Resumo
Este artigo propõe a Teoria dos Vetores Inconscientes da Manipulação Estratégica, com
base em referências da psicanálise, filosofia e ciência política. A teoria analisa como
agentes sociais – especialmente figuras públicas – são guiados por forças internas
inconscientes que moldam comportamentos manipulativos. Seu arquétipo principal é "o
Arquiteto": um indivíduo que manipula não apenas de forma estratégica, mas também de
forma visceral, sem plena consciência de suas motivações, mascarando-se sob uma
imagem de espontaneidade e sinceridade.
Palavras-chave: inconsciente, manipulação, arquétipo, comportamento político,
psicanálise, arquiteto.
1. Introdução
Este trabalho teve início no contexto emocional e polarizado do segundo turno das
eleições de 2022, durante as quais o autor foi candidato a deputado federal pelo partido
Republicanos. Ao observar figuras públicas que se destacavam não pela racionalidade
estratégica, mas pelo carisma disfuncional e improvisado, emergiu a hipótese de que
certos comportamentos manipulativos não são plenamente conscientes, mas sim moldados
por vetores inconscientes — desejos, inseguranças e padrões psicológicos que operam
silenciosamente na formação de discursos e atitudes.
2. Fundamentação Teórica
2.1. O inconsciente segundo Freud e Jung
Sigmund Freud descreveu o inconsciente como um domínio oculto de traumas, desejos e
impulsos reprimidos que influenciam o comportamento humano. Para Freud, a racionalidade
é frequentemente sabotada por mecanismos de defesa, como a projeção e a
racionalização, que atuam fora do controle consciente.
Carl Jung expandiu esse conceito ao introduzir o inconsciente coletivo, onde arquétipos
universais moldam atitudes humanas e se expressam por meio de símbolos e narrativas. O
Arquiteto da manipulação inconsciente seria um exemplo de arquétipo junguiano com forte
atuação na esfera política.
2.2. O vazio existencial e a busca por centralidade
Viktor Frankl, psiquiatra austríaco, apontou que quando o ser humano não encontra sentido
existencial, ele tende a buscar compensações simbólicas — poder, bajulação, influência. O
comportamento do Arquiteto pode ser compreendido como uma tentativa inconsciente de
preencher lacunas emocionais com adoração pública, mesmo que de forma
desorganizada.
3. O Arquiteto e a engenharia disfuncional do afeto
O Arquiteto é um sujeito carente que não manipula por cálculo, mas por impulso emocional.
Seu objetivo é se tornar o centro das atenções, o escolhido, o mártir admirado. Sua
“estratégia” é parecer simples, honesto, espontâneo. No entanto, por trás da imagem do
homem sincero, esconde-se um manipulador visceral que mobiliza emoções coletivas de
forma inconsequente.
Esse comportamento se diferencia do maquiavelismo clássico: enquanto o estrategista
racional estrutura o jogo, o Arquiteto é um improvisador carismático, incapaz de reconhecer
seus próprios vetores internos.
4. Implicações sociopolíticas da TVIME
A teoria aqui apresentada abre caminho para uma crítica mais profunda da política
emocional contemporânea. Líderes movidos por vetores inconscientes não apenas
manipulam o povo — eles próprios são manipulados por suas carências. Isso os torna
mais perigosos, pois são percebidos como autênticos, mesmo quando perpetuam
desinformação, vitimismo e chantagem emocional. Compreender esses vetores permite desarmar a falsa espontaneidade e exigir a lucidez estrutural de quem ocupa posições de influência.
5. Conclusão
A Teoria dos Vetores Inconscientes da Manipulação Estratégica convida o campo da ciência
política e das ciências humanas a ir além da superfície. Propõe-se que, por trás de
discursos populistas e lideranças “autênticas”, há um teatro psíquico profundo, onde
impulsos inconscientes moldam decisões e estratégias com consequências sociais amplas.
Resta à sociedade escolher: vamos continuar aplaudindo arquitetos emocionais mal
resolvidos ou buscar líderes conscientes de suas estruturas internas?
Referências
● FREUD, S. O Ego e o Id. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
● JUNG, C. G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Petrópolis: Vozes, 2000.
● FRANKL, V. E. Em busca de sentido. São Paulo: Vozes, 2006.
● ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
● FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.